OS CAMINHOS DA PALAVRA – PIETRO COSTA
23ª edição
20 jun 2020
A SOLIDÃO DO ESCRITOR: CONVERSANDO COM BACHELARD E TCHEKHOV.
No
quadro OS CAMINHOS DA PALAVRA, a proposta de PIETRO COSTA, escritor, poeta,
agente e produtor cultural, presidente da Academia Cruzeirense de Letras, é
levantar ideias, propor pesquisas, fomentar debates e provocações, acerca de
temáticas controversas e de relevância prática para quem possui ou deseja
possuir interesse de enveredar pelos caminhos da leitura ou escrita, e também para
quem já percorre, profissionalmente, as trilhas da literatura.
Na data de hoje, sábado, 20 de junho de
2020, em transmissão ao vivo, a partir das 10h00, no seu home office, pela página da Academia Cruzeirense de Letras -
ACL no Facebook, o autor Pietro Costa, resolveu debater a solidão como força
criativa e comunicativa, em Bachelard (1884-1962) e Tchekhov (1860-1904), a
partir de sua apreciação crítica das obras “O direito de sonhar” e “Poética do
Devaneio”, do pensador francês; e do
conto “Angústia”, incluído na obra “A dama do Cachorrinho”, do escritor russo
Tchekhov.
Antes de encerrar a
transmissão, o autor recitou os poemas BACHELARDIAR, inédito, e AMBIVALÊNCIA
(da obra JURAS DE POESIA ETERNA, Art Letras, 2020), ambos de sua exclusiva
autoria, relacionados com os temas expostos.
BACHELARDIAR
(Pietro Costa – todos os direitos
autorais reservados)
Na ponta da tinta, um poema a nascer
Pincelado por telas operosas, delirantes
Modelado por mãos nuas, inquietantes
No sonho é que desperta o nosso poder
Reanimando a vida em novos dégradés
Desvelando a fina película da realidade
O presente se sente, muito além do “ver”
Como uma criança adepta à traquinagem
Por detrás de nuvens intumescidas, há vida
Viceja o azul cristalino e multicor do paraíso
O frêmito das asas que entrecruzam a retina
Nada almejo copiar, minha máxima é inventar
Tudo é espelho e profundeza, se sincero o olhar
Porque não ouso só existir, prefiro bachelardiar
AMBIVALÊNCIA – da obra JURAS DE POESIA ETERNA (ART
LETRAS, 2020)
(Pietro Costa – todos os direitos
autorais reservados)
A arte é movimento, a atrair as pessoas para longe
de suas zonas de conforto, de mediocridade.
Cinestesia do inusitado, do raro, do instante pleno
de significado, da poesia.
Manifesto em prol de uma vida não mecanizada, mas
consciente, pulsante, altiva, que respira!
A arte é o trair a norma (lidade), em ato profano
de reverenciar o cerebral e emocional que nos é essencial, singular.
É o subtrair todas as algemas que constrangem o
exercício do pensar.
A arte é o humor sem pudor, a insolência sutil sem
se tornar vulgar.
A performance que desnuda, inquire e revolve dogmas
de ser e estar.
É a luz que elide o opaco da retina, que dissolve
sombras e perfura cortinas.
É o ambivalente dente-de-leão, que embeleza e torna
alva a manhã, que dilacera hipocrisias.
É o sopro criador que revira moinhos de vento e
desperta epifanias.
É o assombro que singra véus e sepulcros
putrefatos, que deflagra maravilhas.
É a forma que emoldura os mais lídimos sonhos,
veleidades e fantasias.
A linha que ousa novas sintaxes e simetrias, que desborda
a monótona narrativa.
A tinta que ressignifica o pincel, a tela, a cena,
a obra, a paisagem, o artista.
A potência que nos habita e insistimos em deixar
reclusa, na usura de vãs filosofias.
A antinomia da moderação, modulação, idiotização,
como ingente e urgente obsessão pela liberdade! SALVE A ARTE! SALVEM A ARTE!!!
Ao final, realizou um sorteio de livros
e ímas poéticos autorais, entre os ouvintes que fizeram comentários durante a
exposição; e de 1 caneca, 1 flâmula e 1 chaveiro da ACL entre membros previamente
inscritos, sendo agraciados:
- Livro “Entre a caneta e o papel” e íma poético “Oficina do Poeta” – Nilva Souza.
- Livro “A Rosa dos Ventos” e ímã poético “Partes Íntimas” – Luanae Castro.
- Livro “Juras de Poesia Eterna” e ímã poético “Versos Maltados” – Siddha Abraxas.
- Livro “Urbanos” e ímã poético “Soturno” – Joel Oliveira.
- Chaveiro da ACL – Mônica Barcelos.
- Caneca da ACL – Danne Strauss.
- Flâmula da ACL – Siddha Abraxas.
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