Atualmente com 19 membros, a instituição realiza saraus toda última quinta feira do mês
O poeta Mauro Rocha é um dos fundadores e atual presidente da Academia Cruzeirense de Letras. Criada em 2014 em parceria com o escritor Rafael Fernandes, e o jornalista Magu Cartabranca, a Academia vem promovendo os escritores locais, que moram há anos na cidade, e realizando saraus para a população. Mauro, que escreve desde os 15 anos de idade, é autor de “Mundo lúdico mundo”, publicado pela Amazon. Para ele, conhecer as produções culturais locais por meio do sarau é essencial para o fortalecimento da cultura na cidade.- Portal de Jornalismo do IESB – Como é a participação das pessoas nos saraus?
- Mauro Rocha: É um sarau extremamente democrático. Se você é um escritor ou cantor que não é da academia, e quer declamar ou falar alguma coisa, vem e fala seu nome que a gente chama. A forma [do sarau] é musica, literatura e dança. Nós já recebemos o coral do TST aqui no auditório, e músicos da cidade. Então é bem diferente, não é só poesia.
- Os temas do sarau são decididos entre os integrantes da Academia? Já houve algum tema mais político?
- Sim. Toda primeira quinta-feira do mês, nós fazemos reunião para escolher o tema. Nós evitamos alguns temas, especialmente os políticos, porque nem todo mundo conversa a mesma língua, e para evitar brigas a toas. Mas isso não quer dizer que de repente a pessoa não possa falar dentro do espaço dela no sarau. No tema Sertões, o pessoal aproveitou e levou para a política. Essa discussão [política] tem que haver, mas a gente não direciona.
- A academia já participou de eventos em escolas?
- Nós já participamos de um evento na escola Soma [escola particular local], a ExpoSoma, no dia 3 de setembro. É uma feira conjunta que envolve ciência e literatura, onde nós realizamos o Sarau em Letras. Já fomos também à escola 02 do Cruzeiro, onde fizemos o sarau com o tema Sertões. E vamos fazer uma oficina literária nessa mesma escola e no ginásio [Escola 01 do Cruzeiro].
- Para fazer parte da Academia precisa ter alguma obra publicada?
- Não. Se você tiver uma publicação, tudo bem. Se tiver um blog, uma pagina no Facebook, mas que mostre uma produção recente. O ideal é que as pessoas sejam ativas dentro da Academia, que elas participem. A gente está aqui para provocar a população para ler, ver arte e divulgar os escritores.
- A academia recebe algum apoio por parte do GDF?
- Nós não temos ajuda financeira por parte do governo por a academia ser uma instituição sem fins lucrativos. O que nós temos aqui é a colaboração do apoio cultural da administração do Cruzeiro. Ela que cede a biblioteca, os horários, o suporte físico, como caixa de som, nosso estande da Feira do Livro, ou outra coisa relacionada. Mas apoio financeiro nós não temos e não procuramos.
- O Brasil é um país que não gosta de ler. Você acha que a Academia tem o papel de incentivar a cultura literária na população?
- Eu acho que o papel dela é esse. O sarau também incentiva isso [ler e escrever]. Nosso sarau tem um tema, o ultimo de agosto foi sobre a raça negra. Houve uma exposição belíssima, as pessoas falando da história, dos escritores negros. É resgatar essa cultura para as pessoas terem o interesse de ler, de procurarem um pouco mais.
- De que forma o contato com os escritores, além de suas obras, influencia quem quer se tornar escritor, ou até mesmo um membro da Academia?
- [O contato] influencia por você se identificar. Quando eu tinha 13 para 14 anos, um amigo escreveu um livro junto com outro rapaz, e publicaram. Eu não tinha a essa coisa de escrever, de ser escritor. Quando eu peguei o livro do cara, eu de frente pra ele, e comecei a ler, aconteceu [eu pensar]: se ele pode porque eu não posso? Será que eu consigo fazer isso? E isso porque de repente eu já tinha vocação para aquilo, mas não tinha sido despertado. Então, às vezes você vem [no sarau] e conhece os escritores, e desperta uma coisa que você já faz e fica ali guardado.
Fonte: http://jornalismo.iesb.br/2016/09/30/academia-cruzeirense-de-letras-da-espaco-aos-escritores-locais/
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